Por que eu amo clichês?
Antes que você ache que eu sou louca, eu explico: eu gosto de clichês bem feitos. Quando se trata de clichês na ficção, eles são chamados assim, na minha opinião, porque quando bem executados dão certo. Quer mais clichês do que comédias românticas? Mesmo as melhores estão repletas de cenas e ações estereotipadas E as produções de super-heróis então? O dicionário Michaelis define clichê, entre outras coisas, como "O mesmo que chavão e lugar-comum". E aí eu te pergunto: se não desse certo, por que insistiriam tanto nesse tal de "lugar comum"? Quando bem escrito, bem produzido e bem interpretado o clichê pode trazer boas surpresas. E a seguir eu vou dar dois exemplos bons e um ruim.
O primeiro deles é o filme 'Ele não está tão afim de você', de 2009. Em todas as histórias apresentadas nesse loga somos levados a acreditar que nada ali vai ser lugar comum, que essa é uma comédia românica diferente que não ilude, mas sim joga verdades na nossa cara. Lembrando a todo momento que a maioria esmagadora de nós é a regra e não a exceção, como o roteiro faz questão de lembrar a maior parte do filme. Mas é então que todas as histórias vão se desenrolando e o final é o que? Um grande, enorme, bonito e bem feito clichê. Gigi fica com o Alex (ela é a exceção!!), O Neil pede a Beth em casamento, Ben fica sozinho e por aí vai, me diga se não é um final igual a todos os outros? Mas apesar de a resolução ser igual o caminho até lá não foi, tornando esse um clichê bem feito.
Outro exemplo de clichê delicioso vem dos Kdramas. 'The Heirs' (2013) foi o meu primeiro drama coreano e se tem uma coisa que essa série é, é estereotipada, em especial por ser uma produção teen. Tem o conflito social, o amor entre a garota pobre e o garoto rico, o pai malvado que tenta separá-los, bullying (tem coisa mais clichê que bullying em série coreana?), o personagem que sofre pressão excessiva dos pais, a vilã rica, chata e mimada e, para mim, o mais chavão de todos: o vilão mal-criado que se apaixona pela mocinha, mas ao invés de tratá-la bem e virar gente começa a perturbar a vida da pobre coitada. Porém, eu não conheço uma só pessoa que tenha visto 'The Heirs' e não tenha se apaixonado pelo personagem bad boy que é o Young Do e isso deve-se ao fato de que Young Do foi bem apresentado, cuidadosamente criado.
Mas nem só de bons clichês vive a ficção. Já comentei aqui no blog minhas impressões sobre o filme brasileiro 'Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou', e eu até entendo que o sonho da Fernanda sempre foi encontrar um grande amor, mas como disse antes: não é legal basear a felicidade de alguém em um romance, principalmente em tempos de discussão sobre o feminismo. É claro que eu queria que a protagonista terminasse o filme feliz, mas não queria que a mensagem passada fosse essa de que "você só será feliz se encontrar alguém".
Enfim, o clichê, chavão, esteriótipo, lugar comum pode sim ser uma boa coisa quando bem pensada, quando o roteiro escapa de caminhos simples e mistura elementos originais com aqueles que estamos acostumados e tanto amamos. É claro que defendo a produção de histórias totalmente livres de clichês ou que optem por resoluções nada tradicionais (oi, Veronica Roth, assassina da Tris. Como mata a protagonista, narradora em primeira pessoa, gente?) Tudo o que a gente quer são histórias divertidas, bem escritas e boas de se ler/assistir, criadas não somente para capitalizar, mas sim para nos impressionar, entreter e inspirar.
E você ama ou odeia os clichês?
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