Filme: 'Os homens são de Marte… e é para lá que eu vou'
Este texto contém spoiler!!
Vi esse filme por indicação de alguns amigos que disseram ser uma das
melhores comédias brasileiras dos últimos tempos. Realmente, o Brasil tem
produzido ótimos filmes de comédia ultimamente, mas para mim, Os homens
são de Marte… e é para lá que eu vou, definitivamente não foi um
deles, foi previsível demais e eu explico isso nesse texto.
Vamos começar pela sinopse: Fernanda (Mônica Martelli) é uma mulher de
39 anos, solteira, louca para casar, mas que ainda não encontrou um grande amor
com quem possa seguir em frente. Ela é uma mulher bem sucedida
profissionalmente e possui uma produtora de casamentos com o sócio Aníbal (o
sempre maravilhoso Paulo Gustavo) e divide suas angústias com a melhora amiga
Nathalie (interpretada pela Daniele Valente), uma aspirante a atriz que não
conseguiu vingar na profissão.
Conforme o filme vai rolando vemos Fernanda tentar
engatar um relacionamento com alguns homens, ela tem pressa, pois acredita
que quanto mais velha fica, mais difícil será achar um homem. Por causa
dessa pressa, ela acaba por não escolher os homens e sim ser escolhida. Assim o
filme nos apresenta os pretendentes: o senador Juarez (Edu Moscovis), que
pega ela e não liga de volta; Robertinho (Humberto Martins), o ricaço que não
se importa muito com ela ou com o que ela quer; Marcelinho (José Loreto), o DJ
colega e trabalho e mais novo com quem ela mantém uma relação de sexo casual;
Nick (Peter Ketnath), o alemão que mora numa ilha na Bahia e que apesar de
lindo é muito monótono para a protagonista e por fim, mas não menos importante,
Tom (Marcos Palmeira) o arquiteto educado e normal (um príncipe para todas
nós).
Pessoalmente, não vejo problema em a Fernanda ter
tantos amores durante o filme e vale dizer que ela realmente se apaixona por
eles, exceto pelo Marcelinho. O problema que eu encontro é que toda esperança
de felicidade da personagem está na realização desse amor de Hollywood. Em
momento nenhum a obra exalta Fernanda por ser uma mulher independente e bem
sucedida. Eu entendo que esse é o foco do filme, a história da mulher que não
consegue arrumar um homem que preste, mas pera lá, a gente não é só isso. Amor
é muito importante, mas não é o todo. E nisso o filme peca feio pois, na minha
opinião, traz uma personagem rasa, superficial, capaz de mudar um pouco sua
personalidade cada vez que se envolve com um homem.
Outro ponto negativo é que o filme não traz um
background dos personagens secundários, ninguém sabe ao certo quem é Aníbal ou
Natie ou nenhum outro personagem, a história se desenrola como se já
conhecêssemos bem cada deles e desaponta nesta questão. Porque você precisa
sentir empatia com os coadjuvantes, eles são peças importantíssimas em
qualquer obra. Porém, é justamente com as personagens auxiliares que Os homens são de Marte… tem seu maior trunfo: Paulo
Gustavo rouba a cena, como lhe é característico. É por causa dele, de sua
peruca bagunçada e de sua sinceridade/grosseria que a maioria das
risadas acontecem. Daniele Valente, por sua vez não brilha, mas desempenha de
forma satisfatória o papel da melhor amiga e às vezes (bem às vezes)
consegue fazer rir.
Mônica Martelli também fez um bom trabalho, interpretando uma romântica
incorrigível, que não consegue realizar o sonho de casar. Meu problema foi
mesmo a personagem. Admito, não vi a peça e não sei se o filme tem roteiro e
desfecho parecidos, mas o final do filme quando Fernanda conhece um cara que
pode finalmente ser o perfeito para ela, a trama quase me fez acreditar que
agora ela ia focar em si mesma e não depositar todas as esperanças em um homem,
mas aí o resultado é um casamento. Bom para ela, que conseguiu o que
queria, mas a mensagem não é tão legal a meu ver. Para alguns, pode significar:
“continue acreditando, o amor e a felicidade uma hora vão chegar. Para mim foi:
“tá vendo, você só vai ser feliz quando encontrar um homem e casar” e eu não
preciso disso. Não em pleno século XXI.
Para finalizar, achei o filme um decepcionante clichê (porque, sim,
eu amo clichês bem feitos), mas o filme não é ruim, é possível dar algumas
risadas e se identificar com algumas neuroses da Fernanda. Sem contar que o
filme tem um monte de ator legal fazendo participação especial, além dos já
citados tem Irene Ravache, Herson Capri, Julia Rabelo, Milhem Cortaz, Ana Lucia
Torres e até Lulu Santos.
Nota: 4,0. Se você gosta de comédia nacional eu indico, mas se
perguntar se eu veria de novo…. hum, aí já outra história.
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